1 - No mundo digital não faz mais sentido nos referirmos as nossas tomadas como se fossem filmadas. Faremos uma nova claquete onde deve constar o tipo de camera, o número do cartão ao invés do rolo, o número do clipe gerado pela câmera no lugar do take e o número da cena como é hoje. Vamos manter um espaço para colocar o número de take de cada cena para quem achar que ajuda a rever o material no set.
obs 1 - O número do clipe gerado pela câmera vem com umas letrinhas tipo AZX 023. O que vale é sempre o número final: 23.
obs 2 - Cada câmera tem um padrão, a Silicom, por exemplo, dá a data e horário de cada take como um time code. Cabe ao ASSISTENTE DE DIREÇÃO, no set estabelecer qual número será usado por todos.
A primeira decisão: De hoje em diante todo mundo usa os mesmos números. O som direto canta a cena, o número do cartão e o número do clipe não mais a cena, o rolo, e o take. "- Cena 4, cartão 2, clipe 23...ação."
2- Vamos voltar aos anos 60 quando no set o diretor dizia " copia essa", ao final de cada take que lhe parecesse razoável. Agora o DIRETOR dirá "loga essa. "
Esse é o momento mágico que vai fazer toda a diferença no volume que chegará ao montador.
A segunda decisão: Ao final de cada take o DIRETOR deve avisar o ASSISTENTE DE DIREÇÃO se o take rodado deve ser logado ou não. O ASSISTENTE DE DIREÇÃO escala alguém para fazer o relatório de câmera onde esta informação vai anotada ou faz isso pessoalmente. Assim que o cartão estiver cheio ele é entregue para o LOGGER junto com este relatório de câmera com o qual o LOGGER vai separar o material que vale do lixo. Cada cartão tem seu relatório.
3 - Os takes bons devem ser separados pelos LOGGERS numa pasta chamada "SELECT". Esta pasta deve ser copiada num HD Vermelho chamado SELECT e este será o único material transferido para a ilha de montagem e depois arquivado em LTO.
Como segurança o material bruto também deve ser copiado pelo LOGGER num outro HD, laranja, chamado "BRUTO" que será guardado caso seja preciso ver mais material. Este bruto no entanto não passará por todo o processo de conformação, digitalização etc e será apagado assim que o filme for ao ar
Cada HD deve ser mandado pelo PRODUTOR para a produtora acompanhado dos respectivos relatórios de filmagem. Na produtora haverá um coordenador destes arquivos que transfere o material do HD vermelho e deixa de lado o laranja.
A terceira decisão: O logger deve fazer duas pastas, o SELECT e o BRUTO. Cada pasta desta é copiada num HD diferente. Vermelho para o SELECT e LARANJA para o BRUTO. Só o HD vermelho faz todo o processo até as ilhas de edição e depois o arquivo em LTO. Os HDs devem sempre ser acompanhados dos relatórios de câmera.
4 - Com a gravação digital, muitos sets praticamente aboliram a palavra "corta". Como a câmera só registra um novo número de clipe quando é cortada, apesar de ser chato, é fundamental que depois de cada erro diga-se "corta", para que o que foi gravado até então, o lixo, seja jogado fora. Sem isso os clipes ficam imensos e dificultam muito todo o processo que se segue: Logar, conformar, digitalizar, montar e conformar para LTO para arquivar.
A quarta decisão: Corte sempre após cada erro ou entre cada novo take. Perde-se um tempinho no set fazendo claquete mas salva-se um tempão em todo o resto do processo e melhora a qualidade do trabalho do montador.
5 - Será cobrado de cada filme o valor de R$ 500,00 por hora de material que chega na ilha de edição. ( algumas finalizadoras como a Casablanca cobram R$ 1.500,00). Ao fazer o orçamento os diretores serão perguntados quantas horas de material querem ter na ilha, como no tempo do negativo.
obs: não estamos acrescentando um custo apenas separando este ítem do custo do resto do processo de pós.
A sexta decisão: Os filmes pagarão por hora de material transferidos para a ilha de edição
Observações finais:
- Este esquema vale para filmagens com uma câmera ou com múltiplas câmeras sempre que todas usem a mesma claquete e que sigam a ordem de cortar e logar dada pelo diretor. Nestes casos a claquete trará a informação de quais estão rodando a mesma cena, assim o montador sabe que tem a mesma imagem por outro ângulo.
- No caso de câmeras soltas que buscam imagens independentes do DIRETOR e do ASSISTENTE, passa a ser função do CÂMERA-MAN desta 5D ( ou seja lá qual sistema estiver sendo usado), no final de sua diária, entregar para o LOGGER junto com seu cartão, um relatório organizado de tudo o que fez com a indicação do que deve ser logado ou não. Isso dará mais trabalho aos CÂMERA-MEN-espírito-livre, mas também ajudará a disciplina-los ensinando-os a ser mais objetivos. Filmagem é uma coisa, pescaria é outra.
Fernando Meirelles
fmei@o2filmes.com
quarta-feira, 9 de junho de 2010
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